10.1.06

Nas Neblinas do Norte



Porque choram os narvais,
Quando arpões esfregam contra o nevoeiro?
Talvez o Fram seja demasiado pesado para calotes polares.
Ou icebergs demasiado pesados para construir navios.
Fiz a minha jangada de puro quartzo.

Baleia! Pranteia!

Lá, ursos polares olham desconfiados
Quando esquimós fitam atrás de abanos de papel
Acenando vidas lentas,

[para além da Gronelândia]
Onde há só uma lua
O violino Ártico grita uma dança
Dentro do poço de elevador.

Olha peregrino! 86°13'6" Norte!
O coração jorrante nunca poderá ser domesticado.

Não tenho uma pena com que escrever,
Um bico de águia é o mais aproximado,
Mesmo solitário como hão
Nomeado as estações,

Dois homens ao redor de uma fogueira
(Fridtjof Nansen & Hjalmar Johansen),
/lá/ em Terras de Franz Josef
Re(cor)dando os vivos
Que estão agora mortos.

É tempo,

Cacos de montanhas do Norte Longínquo,

Instruem centuriões p'ra guerra,
E cedem para o inverno.
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O explorador norueguês Fridtjof Nansen dirigiu uma expedição ao polo Norte entre 1893-1896. Navegaram num navio de nome Fram (Avante), construído propositadamente para resistir à pressão do gelo. Em 14 de Março de 1895, Nansen na companhia do tenente Hjalmar Johansen partiram do Fram para fazer o seu percurso a pé até ao polo Norte. Alcançaram um novo norte mais distante a 86°13'6" Norte a 8 de abril. A sua viagem para sul foi intensamente perigosa, mas finalmente alcançaram as remotas Ilhas de Franz Josef onde permaneceram durante 9 meses numa ilha, hoje denominada de Frederick Jackson. Em maio de 1896 embarcam mais uma vez tendo-se encontrado de seguida com o explorador inglês Jackson que, sem o conhecimento de Nansen, havia já gasto dois anos acampado numa barraca de madeira numa ilha bem ao sul do arquipélago. Nesse verão o navio de socorro de Jackson, o Windward, chegou e transportou Nansen e Johansen até à costa Norueguesa.