28.1.06

Coimbra A+


Há qualquer coisa em Coimbra que me acenta como um bom casaco. É-me confortável e quente apesar do frio seco que fazia. Chegámos ontem por volta das 21:40h. A cidade preparava-se para receber a noite de 6ª enquanto as pessoas se agrupavam nas repúblicas, residências, restaurantes e/ou bares.
Praça da República. O Kirsh abria finalmente a porta ao público. Lá em cima já as salas murmuravam as conversas e risos dos convidados. O corredor recebeu-nos convidativo e rápidamente os abraços e apertos de mão se foram multiplicando entre os "long time no see!" e os amigos mais chegados. O Kirsh é confortável como um bom casaco. É uma casa para se comer e conversar. A comida tem o seu tempo e quem convive tem o seu espaço. Prata da casa: Fondue.
KIRSH Praça da República 38 . 1º» 3000-343 Coimbra » kirshmail@gmail.com
RESERVAS 239 822 555

21.1.06

Sexo Animal


King County sheriff's detectives are investigating the owners of an Enumclaw-area farm after a Seattle man died from injuries sustained while having sex with a horse boarded on the property.Investigators first learned of the farm after the man died at Enumclaw Community Hospital July 2. The county Medical Examiner's Office ruled that the death was accidental and the result of having sex with a horse.A surveillance camera picked up the license plate of the car that dropped the man off at the hospital, which led detectives to the farm and other people involved, said sheriff's Sgt. John Urquhart.Deputies don't believe a crime occurred because bestiality is not illegal in Washington state and the horse was uninjured, said Urquhart.But because investigators found chickens, goats and sheep on the property, they are looking into whether animal cruelty — which is a crime — was committed by having sex with these smaller, weaker animals, he said.The farm was talked about in Internet chat rooms as a destination for people looking to have sex with livestock, he said."A significant number of people, we believe, have likely visited this farm," said Urquhart.The Humane Society of the United States intends to use the case during the next state legislative session as an example of why sex with animals should be outlawed in Washington, said Bob Reder, a Humane Society regional director in Seattle."This and a few other cases that we have will allow us a platform to talk about sex abuse of animals," Reder said.Thirty-three states ban sex with animals, he said.
Enumclaw-area animal-sex case investigated by Jennifer Sullivan, Seattle Times staff reporter

Crónicas de Rennes 2


Directamente da capital bretã, Pedro Pereira volta à carga com mais umas evangélicas estórias sobre as verdades da vida.
Pasto
Era uma vez uma linda vaquinha que andava a procura de um boi. Procurou, procurou e como não encontrou decidiu ir para puta (claro !). Depois de alguns anos de exercicio de uma profissão que na realidade a preenchia (!), decidiu voltar a vaca. Foi então que um dia, enquanto ruminava descansada no seu pasto ela viu passar um chulo. Tentando apurar a visão que na altura começava a faltar-lhe, concluiu que aquilo que via não era um chulo, mas sim o boi que, anos antes, poderia ter feito as delícias da sua vida. Decidiu então voltar para puta (outra vez ?). Depois de repetidas vezes ter andado neste vai e vem do «fode rumina» (rumina era o seu nome), a vaquinha, já muito cansadinha, decidiu arrumar as botas. Já não queria mudar mais de vida. E foi assim que, até ao fim dos seus dias, ela continuou a ser uma puta de vaca. Fim.

Cavalinho
Era uma vez um lindo cavalinho que não sabia cavalgar. Andava andava, mas cavalgar não cavalgava. Decidiu então ir para… para… isso mesmo: decidiu ir para puta. Anos mais tarde e depois de muito cavalgar o cavalinho já não sabia como andar. Tinha as patitas arqueadas. Conclui então que mais vale cavalgar do que andar sem levar com ele. E foi assim que durante toda a sua vida o cavalinho cavalgou sem nunca se cansar. Dizia ele que quem cavalga por gosto não cansa. Isque sim, isque sim.

Culinária
Era uma vez uma linda cozinheirinha que cuzinhava cuzinhava e nem se colocava a questão de saber se cuzinhava com «u» ou se cozinhava com «o». Depois de muito ter cuozinhado com a letra que viesse à rede e sem conseguir apurar a receitazita que há anus lhe andava na cabeça, decidiu ir para puta. A partir desse dia, a linda cuzinheirinha deixou de ter dúvidas. Só cuzinharia com «u». Já não queria nada com o co. Só queria com o cu.

10.1.06

Nas Neblinas do Norte



Porque choram os narvais,
Quando arpões esfregam contra o nevoeiro?
Talvez o Fram seja demasiado pesado para calotes polares.
Ou icebergs demasiado pesados para construir navios.
Fiz a minha jangada de puro quartzo.

Baleia! Pranteia!

Lá, ursos polares olham desconfiados
Quando esquimós fitam atrás de abanos de papel
Acenando vidas lentas,

[para além da Gronelândia]
Onde há só uma lua
O violino Ártico grita uma dança
Dentro do poço de elevador.

Olha peregrino! 86°13'6" Norte!
O coração jorrante nunca poderá ser domesticado.

Não tenho uma pena com que escrever,
Um bico de águia é o mais aproximado,
Mesmo solitário como hão
Nomeado as estações,

Dois homens ao redor de uma fogueira
(Fridtjof Nansen & Hjalmar Johansen),
/lá/ em Terras de Franz Josef
Re(cor)dando os vivos
Que estão agora mortos.

É tempo,

Cacos de montanhas do Norte Longínquo,

Instruem centuriões p'ra guerra,
E cedem para o inverno.
_______________________________
O explorador norueguês Fridtjof Nansen dirigiu uma expedição ao polo Norte entre 1893-1896. Navegaram num navio de nome Fram (Avante), construído propositadamente para resistir à pressão do gelo. Em 14 de Março de 1895, Nansen na companhia do tenente Hjalmar Johansen partiram do Fram para fazer o seu percurso a pé até ao polo Norte. Alcançaram um novo norte mais distante a 86°13'6" Norte a 8 de abril. A sua viagem para sul foi intensamente perigosa, mas finalmente alcançaram as remotas Ilhas de Franz Josef onde permaneceram durante 9 meses numa ilha, hoje denominada de Frederick Jackson. Em maio de 1896 embarcam mais uma vez tendo-se encontrado de seguida com o explorador inglês Jackson que, sem o conhecimento de Nansen, havia já gasto dois anos acampado numa barraca de madeira numa ilha bem ao sul do arquipélago. Nesse verão o navio de socorro de Jackson, o Windward, chegou e transportou Nansen e Johansen até à costa Norueguesa.

9.1.06

Sobre Glaciares



Escrevo o meu mundo e o meu mundo muda
E as mudanças do meu mundo mudam-me
Enquanto escrevo as mudanças do meu mundo.

Respiro o fôlego do poeta,
Que é admirável, amargo e imaculado

Mas,

Não tão esplêndido nem imperativo nem místico

Ou,

Oh da Natureza como um glaciar,
No entanto é bom e fresco,
Como uma manhã azul clara.

Agora toma um barco como exemplo, um barco pequeno,
Um barco de pescador é o céu da truta,
Este cambaleante mundo acima, é uma golada cavernosa
Do contador de estórias a agarrar a gula,
i.e. A Morte (a verdadeira).

O Salmão de Chinook (Oncorhynchus Tshawytscha),
Não se preocupa se Magalhães perdeu a fé no estreito,
Consegues imaginar?

Eles migram,
Alguns desovam, poucos põem ovos
Todos morrem,

São ignorantes (ou sabiamente ignoram),
Se a vida e patas de urso ou DeuS (se fôr um glaciar),
Precedeu a etimologia e a filologia,

Outros espalham o seu vagaroso turpor
Fechando portas a projetos grandiosos (isto é, Glaciares).

Conhecemo-nos [um ao outro] por sinais ligados
Sem rostos ou expressão, pura personalidade
Vomitando o verbo,

A nossa anatomia é um vocabulário.

Rarefacção? Comi-a ao pequeno-almoço.

A fortitude, como um peixe, também salta
Do mar para anéis-de-fogo ardentes.

Hoje, sou da Terra


A minha planície ferida agora derretendo em desonra
Torna-se mais venenosa que um cogumelo gracioso,
Inclinando sinais em reflexão de terreno pantanoso
Num convulsivo glaciar de melodrama
Para o petrificado relicário do dedo anelar de Buddha.

A cobiçada terra estéril agoniza repetidamente,
A carga de trabalho de tardes escravas desperdiçadas
Entalhos de cortes de erva-elefante são prémios para acordar
Em silêncio de silêncio de silêncio,

Só a brisa e as folhas relvadas,
Verdes folhas e brisa,
Soprando sólidos cochichos derretendo pelos tornozelos
E a intensificação de cada jorrar,
Pegada na relva, na terra humida, humida molhada,

A calma empoleira-se estática e incerta
Pelo abismo da minha natureza de baloiço.

Devo voltar?
Não, hoje não,

Hoje sou da Terra,
O céu meu leve cobertor azul profundo,

Não, hoje não, sou da Terra hoje.

8.1.06

A Casa Sentida


Coincidência não existe em arquitectura. Independentemente dos meios de comunicação usados, numa casa sentida, temos a sensação persistente que estamos em posse de algo real cedido pelo ritual, uma liturgia, de criar arte ou inteligência. Primeiro o corpo. Não. Primeiro o lugar. Não, primeiro ambos. Agora nenhum. Agora o outro. Somos cegos. O mais importante são as pequenas coisas. A nossa vida de pequenas coisas. O esquecimento da permanência. Recordamo-nos de um eclipse do sol, mas o seu percurso quotidiano não é excepcional e não deixa marcas na nossa memória. Por isso posicionamo-nos no vazio. Na casa vazia. No espaço entre paredes. Se o espaço é infinito, estamos em qualquer ponto do espaço. Esquecemos as horas. O tempo dorme no alpendre. Se o tempo é infinito, estamos em qualquer ponto do tempo. A espera, espera. Ela mesmo se espera, deixa ser por si. A contínua e longa - espera. Mas, espera! Algo se mexe. Algo sempre se esteve mexendo. As horas, as horas não são imóveis. Uma vez abolido o palco, o ritual ocupará o centro da platéia.

Para a Margarida, com amor.

5.1.06

Bon Jour Sylvie! - Crónicas de Rennes


O meu amigo Pedrucho, triste e abandonado em Rennes, tem umas estórias infantis deliciosas. Ora leiam:
A Pena Partida
Bom dia! Já leram “A Pena Partida”? É a estória de uma rapariga que anda a procura de um amor que perdeu. Depois de muito procurar decide ir para puta. E continua a procurar. Procura, procura até que encontra o amor que tinha perdido; Um valente caralhão dos antigos que lhe tinha partido a pena. A que ela tinha atravessada na cona desde pequenita. Só que, de repente, fica com medo de partir a outra pena. A que tem no cu. E assim acaba a bela estória das penas partidas. Sim, das penas... Porque ele não esteve com meias medidas e partiu-lhe a outra.

O Menino e o Morango
Era uma vez um menino muito pequenino que andava à procura de um morango. Procurava, procurava e só tinha a ideia de que o morango era vermelho e com algumas graínhas coladas. De terra em terra, o menino só dizia a quem encontrava que mesmo que as graínhas se perdessem, ele só queria o seu lindo moranguinho. Até que um dia, já muito cansado, fraco e febril, ele se apercebeu de que tinha umas pintinhas pretas nas suas lindas cuequinhas. E não é que ele concluiu que tinha o moranguinho na peida? Decidiu então ir para puta. Já não lhe faltava o moranguinho. Faltava-lhe a pena.